segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Novas Fronteiras: um balanço interessante e promissor




Novas Fronteiras: um balanço interessante e promissor

Sócrates tem várias virtudes que aprecio: além de determinado, revela uma endurence incrível. Depois duma semana politico-diplomáticamente tão esgotante quanto frutuosa (Tratado de Lisboa + Cimeira de Mafra - ambas com sucesso) - reservou a manhã de sábado para se encafoar na sala Almada Negreiros do CCB - para fazer o balanço do investimento público em C&T. Honrou o compromisso. Nota positiva.

Em 2007 temos mais 64% de investimento no sector do que em 2006. E em 2008, essa lógica de investimento público continuará a crescer. Isso tem nome: uma aposta política na ciência e na sociedade do conhecimento. Ou seja, cumprir aquilo que era o desígnio de qualquer governo: atingir 1% de investimento público do PIB em C&T. Isto em Portugal, confessemos, é obra...

Passámos a escrever mais artigos científicos em revistas da especialidade. Aumentaram para cerca de 10 mil o número de doutorados a trabalhar em Centros de Investigação, revelando o crescimento da rede científica ao serviço da C&T. Em 2009 o número de doutorados continuará a crescer, cerca de 1500 ao ano.

Aumentando também o nº. de patentes, a balança tecnológica do país também é superavitária, ou seja, exporta mais do que importa, tal significa que na área tecnológica existe uma integração do saber instalado na rede de conhecimento europeia.

Criaram-se mais 4 Laboratórios Associados - fixando massa crítica necessária ao progresso da ciência. Aumentaram os contratos-programa com os Centros de investigação. Os Centros de Ciência Viva também dinamizaram a escola na área da C&T. Seduzindo mais estudantes para esta área do saber e preparando o país para a mudança - também no plano macro, i.é, ao nível das parcerias. Com o MIT, com a Carnegie Mellon University (CMU) - forçando à abertura da universidade portuguesa - ainda povoada duma lógica feudalista e subserviente resistente à mudança e à inovação. Sócrates e o governo socialista tiveram coragem de rasgar caminho numa área onde antes os outros nada fizeram, porventura receosos de afrontar os interesses das corporações instaladas - como são os universitários.

O Laboratório Nacional Ibérico de nano tecnologias (em Braga) - representado pelo prof. (galego) José Rivas - é uma expressão avançada dessa mudança tecnológica que está em curso no contexto europeu.

Numa palavra: quer se goste ou não do estilo do PM teremos de admitir que este sector da C&T "mexeu" em Portugal, e está em curso uma aposta na sociedade do conhecimento visando qualificar as pessoas. Mas tal pressupõe estabilidade nas medidas, confiança na comunidade científica e continuidade de investimentos na área, uma lógica que parece ter vindo para ficar.

Seguramente, que a este aumento progressivo de investimento público na área deve somar-se um acréscimo de investimento privado, até porque são as empresas, em primeiro lugar, os beneficiários líquidos dessa aposta política na sociedade do conhecimento. O que pressupõe mais inovação, mais internacionalização e também mais confiança - enquanto capital político para empreender reformas que consolidem o trabalho existente.

António Vitorino deixou-nos um testemunho interessante: promotor da modernização do tecido económico e social via C&T - pois só dessa forma se combate o fatalismo tipicamente português que nos tolhe em certos momentos decisivos do nosso processo de desenvolvimento. Aqui lembrei-me de uma coisa que o Agostinho da Silva fazia quando recebia amigos estrangeiros e os levava a conhecer as casas de fado no Bairro Alto - muito apreciadas por aqueles. Mas Agostinho ficava sempre à porta, nunca entrava, pois entendia que o "fado" gerava em nós um tremendo sentimento fatalista e pessimista que nos emperrava e diminuía na escala do progresso e do desenvolvimento desejado. daí não passar da porta de entrada...

Mas como é que essa modernização se faz? Com avaliação dos resultados das reformas e com a medição do ciclo da C & T que o País testemunhou nestes últimos anos. Sendo certo que aqui o valor da Estabilidade necessária à prossecução dos objectivos e a Credibilidade da liderança são dois vectores necessários a esse desígnio.

Portanto, a oposição que se habitue a este tipo de método (pró-activo) de fazer política - ainda que os partidos da oposição entendam que este sector está como ao tempo de Durão barroso: uma lástima.

Dan Roos - do MIT - deixou um interessante depoimento gravado em que sublinhou a valorização da excelência dos investigadores, a necessidade da simplificação da burocracia estatal na gestão destes processos de C&T acabando por reconhecer que este 1º ano de balanço das parcerias Portugal-MIT são um exemplo para toda a Europa.

Outro testemunho do Prof. José de Moura (da Carnegie Mellon University) que focalizou a sua intervenção na criação de pólos de excelência, em quadros qualificados em I&D e na necessidade dos mestrados profissionalizantes como aposta na qualidade e na nossa modernização. Aqui parcerizando empresas como a PT, a Nokia, a Siemens e a Nova Base.

O cosmopolita Prof. Alexandre Quintanilha, que não perde o humor, espelho da sua inteligência, falou do lado do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e do Conselho dos Laboratórios Associados, uma ideia que creditou a Mariano Gago - que por mais importante que seja - não poderá ser ministro toda a vida.

Mariano Gago - mostrou o seu humor e apresentou-se como o "ministro da paciência" numa graça de contexto - que tem de a saber gerir e distribuir em doses moderadas para racionalizar o sector. Embora, à paciência se suceda a impaciência, pois não há tempo para grandes hesitações, sobretudo numa Europa (e num mundo) ultra-competitivo, em crise e ávido de novos serviços e novos produtos resultantes da inovação na C&T. Sobretudo, se considerarmos que a ciência não é mais o filtro que faz a selecção social entre os que entram e aqueles que ficam de fora, mas sim um instrumento de coesão social.

O número de investigadores em Portugal espelha bem essa realidade, apesar de ainda haver limitações decorrentes do reconhecimento do estatuto dos investigadores em Portugal, mormente em matéria de questões sociais.
A reforma das universidades e a aposta na investigação reforçam as notas de um ministério que tem um objectivo estratégico a cumprir, e o mais curioso é que sempre que Mariano Gago tutela o sector os indicadores ligados à IC&T disparam.

Naturalmente, esta "paciência" compagina-se com três valores que presidem a esta política de I&D: exigência na avaliação e busca da qualidade, generosidade e ambição. É isto que também permite a liberdade de pensamento para fazer e testar ciência.

Se calhar é a este quadro de actuação global que Sócrates designou de aposta na Ciência. Para já os resultados estão aí, não enganam, ainda que uma certa oposição - a mesma que se pergunta (mais doutores para quê?!) veja na evidência destes indicadores de sucesso um mar de crise de que pensam alimentar-se. Um pouco como na questão do referendo à Europa, com 21 anos de atraso...

Pura ilusão!

PS: Dedicamos estas breves notas soltas sobre C&T a todos os investigadores que em Portugal fazem os possíveis e os impossíveis para criar conhecimento e ciência.

Rui Paula de Matos –
Macroscopico (27.10.2007)
Via Blog PS Lumiar -

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1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

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quarta-feira, 17 agosto, 2011  

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